A tristeza da melancia

Outro dia estava com a minha esposa em um supermercado. Era dia de sacolão. Aquele dia em que as frutas e verduras são vendidas a um “preço melhor” do que nos outros dias da semana.

Esse negócio de preço realmente me intriga. Na quarta-feira, o limão está R$ 3,50 e na quinta-feira, o mesmo limão está R$ 6,30. O que aconteceu durante a madrugada para o limão subir R$2,80? Por que no dia seguinte ele não pode ser vendido no mesmo preço do dia anterior? Mas esse é um outro assunto. Vamos ao que interessa.

Enquanto esperava a minha esposa escolher e pesar as frutas e legumes, fiquei observando as pessoas realizando as suas compras entre as gôndolas do sacolão. Uma atitude dos fregueses me intrigou muito. Sempre que alguém ia escolher as melancias, a coitada tomava alguns tapas.

Fiquei por lá uns bons minutos observando e posso jurar que várias delas foram surradas.

Pensei comigo mesmo: Como é triste ser uma melancia!

A coitada estava lá na roça vivendo a sua vidinha de melancia, sem fazer mal a ninguém. Foi semeada, nasceu e cresceu. A natureza cuidava dela, dando sol e chuva. Depois foi colhida e colocada juntamente com outras melancias em cima de um caminhão e transportada por quilômetros até um distribuidor. Lá, foi comercializada e novamente transportada para um mercado ou feira qualquer da cidade. E agora, nesse mercado ou feira, seria espancada. 

Nessa minha observação, notei que aquelas que produziam um determinado som (que eu não sei qual é) eram escolhidas. O freguês, feliz pelo som que ouviu, colocava no carrinho e ia embora. Já as que não produziam o som desejado eram deixadas de lado, até que outro freguês batesse nela novamente.

As melancias com o “tom” errado iam ficando. Com certeza, o preço delas ficaria mais barato até o final da semana ou então seriam jogadas fora. Melancia que não presta não dá para levar. O destino seria um lixão.

Pensei: “Quantas “melancias” existem por ai…”

Existe Um que não bate nem despreza as “melancias”. Ele simplesmente as vê e as escolhe. A todas, sem exceção. E até mesmo paga um bom preço por elas.

MAIS RECENTES

A Era da Aceleração, Vínculos e a Falta de Presença

Uma reflexão sobre os desafios da vida moderna e...

Aqui dormiu uma pessoa

Aqui dormiu uma pessoa. Não havia cama quente nem lençóis...

Tic-Tac

Tic-tac, tic-tac;  no meu pulso a vida pulsa, som que se...

Jamais saberemos!

Jamais saberemos…  o destino dos ventos,  o caminho dos raios durante...

Ebook

spot_img

LEIA TAMBÉM

O Grande Conflito de Asafe!

O conflito espiritual de Asafe - SALMO 73 O Salmo...

Como seria diferente se tudo fosse igual!

Como seria o mundo se todas as coisas fossem...

A Alma Empobrecida!

A pobreza não se limita somente a questões de...

Em um canto, um conto!

Em um canto esquecido qualquer,havia um conto esquecido,escrito por...

Microatitudes: O Poder das Pequenas Mudanças

Pequenas e simples atitudes diárias podem gerar grandes e...
Carlos Barabás
Carlos Barabás
Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) Especialização em Neurociência e Educação Graduação em Ciências Sociais Formação Teológica Diretor da Lighthouse – Centro de Estudos Multidisciplinares
spot_imgspot_img

Como seria diferente se tudo fosse igual!

Como seria o mundo se todas as coisas fossem iguais umas às outras?No céu, uma nuvem seria idêntica à que passou. Nas praias, as...

A Alma Empobrecida!

A pobreza não se limita somente a questões de escassez financeira; é muito mais abrangente e cruel. Sorrateiramente, ela se estende a questões internas...

Em um canto, um conto!

Em um canto esquecido qualquer,havia um conto esquecido,escrito por uma pessoa qualquer. Acostumado ao silêncio daquele canto vazio e solitário,o conto parecia adormecido. Foi, então, de...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui